Vínculos Saudáveis versus Vínculos Abusivos
- rosangelaferreirap3
- 17 de jun.
- 2 min de leitura
Por Rosângela Ferreira
O que está por trás dos vínculos que criamos?
Nem todo amor é cuidado.
Nem toda presença é proteção.
Às vezes, o que chamamos de vínculo é, na verdade, um pacto inconsciente com a dor.
Na clínica, escuto histórias de amores que machucam, relações que aprisionam, lealdades que adoecem. E percebo que, por trás desses laços difíceis, há memórias emocionais que não foram elaboradas — vínculos que se repetem, porque um dia foram os únicos possíveis.
O que nos liga ao que nos fere?
A neurociência mostra que nossos circuitos afetivos são moldados desde cedo. Um sistema nervoso que aprendeu a se regular na ausência ou na tensão, mais tarde pode confundir agitação com paixão, controle com cuidado.
A psicanálise revela que repetimos — inconscientemente — padrões que desejamos transformar. Reviver é uma tentativa psíquica de "reparar" o que não foi possível integrar. Por isso, relações abusivas nem sempre são vistas como tal no início. Há uma ilusão de completude. Um eco da infância que ainda pede escuta.
O pensamento sistêmico nos lembra que estamos inseridos em histórias transgeracionais. Lealdades invisíveis podem nos manter presos a dinâmicas de exclusão, dor ou abandono vividas por nossos ancestrais. Às vezes, nos vinculamos ao sofrimento para pertencer.
E como romper com isso?
Rompimento, aqui, não é necessariamente afastamento — é reconhecimento e reorganização. É ver o que se repete, com olhos mais maduros. É escolher vínculos que respeitam o corpo, a alma e o tempo. É entender que o amor começa quando deixa de ferir.
Na terapia, criamos espaço para que essas camadas possam emergir — sem pressa, sem culpa. Transformar/ ressignificar um vínculo exige tempo, coragem e, principalmente, presença amorosa consigo mesma.
O vínculo mais curativo começa com a própria alma.
Quando você se escolhe com respeito, os relacionamentos ao redor também começam a se transformar.

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