Como o corpo reage ao ciclo da violência emocional?
- rosangelaferreirap3
- 17 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de jul.
Por Rosânggela Fêrreira
Nem todo machucado deixa marcas visíveis. Algumas dores moram no corpo — escondidas em músculos tensos, respirações curtas e corações cansados.
O corpo sente o que a mente, às vezes, ainda não compreende. E quando vivemos presos a vínculos violentos — mesmo que sutis, emocionais, silenciosos — ele fala.
Pela neurociência do trauma - Vínculos abusivos mantêm o sistema nervoso em constante estado de alerta. O cérebro ativa respostas de luta, fuga ou congelamento — mesmo na ausência de agressões físicas. Isso gera sobrecarga:
Cortisol elevado;
Ansiedade constante;
Distúrbios do sono;
Problemas gastrointestinais;
Sintomas autoimunes e psicossomáticos;
A Teoria Polivagal, de Stephen Porges, mostra que quando o sistema nervoso não encontra segurança relacional, ele desliga. Congela. Dissocia. A pessoa continua funcionando — mas por dentro, está em colapso.
Pela escuta clínica do corpo, o corpo não mente. Ele revela o que a palavra não consegue ainda dizer.
Dor de cabeça que insiste
Tensão nos ombros
Cansaço extremo sem explicação
Sensação de estar “fora de si”
Tudo isso pode ser a linguagem do corpo pedindo por um lugar seguro. O corpo se contrai quando o vínculo machuca. E só relaxa quando percebe que, ali, ele pode existir sem se proteger.
Pelo olhar sistêmico - O corpo também carrega histórias familiares. Às vezes, somatizamos dores de vínculos herdados. Repetimos o sintoma como um chamado para que a história seja reconhecida. Ele pode adoecer para “falar” por aqueles que não puderam.
E como iniciar a cura?
A cura começa com escuta, com presença. Com um espaço onde o corpo possa, sem medo, soltar o que reteve para sobreviver. Na prática clínica, o toque terapêutico, o movimento, o silêncio — tudo isso convida o corpo a voltar para casa. A sair da sobrevivência e habitar o presente.
Precisamos compreender que o corpo não é o problema. Ele é mensageiro.
Quando acolhemos o que ele sente, algo dentro de nós começa, enfim, a descansar.

Amei a reflexão!