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O caminho de volta para Si

  • rosangelaferreirap3
  • 22 de abr.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 3 de jul.

Por Rosânggela Fêrreira  Vivemos em um tempo em que somos constantemente empurrados para fora de nós mesmos — pelas exigências externas, pelas urgências do cotidiano, pelas dores do passado que ainda ecoam. Em meio a tanto barulho, o autocuidado e a saúde mental deixaram de ser luxo para se tornarem fundamentos de uma vida com significado.

Este texto é um convite para voltar para dentro. Para escutar com mais atenção o que o corpo sussurra, o que a alma pede e o que o coração guarda em silêncio. Aqui, o cuidado não será apenas com o que se vê, mas com o que se sente. E o olhar será sempre ampliado pela lente terapêutica, que nos auxilia a incluir, reconciliar e pertencer.

Vamos falar sobre a criança interior, os relacionamentos afetivos, o silêncio do corpo, os padrões familiares, e, principalmente, sobre a coragem de se cuidar com consciência e amor. No campo das constelações familiares e da abordagem sistêmica, a criança interior é vista como uma representação simbólica das nossas experiências emocionais mais primitivas. Ela carrega não apenas os momentos de alegria, mas também as feridas que muitas vezes não puderam ser expressas ou compreendidas na infância.

Essa criança vive em nós. E quando não é reconhecida, tende a se manifestar por meio de padrões de relacionamento, reações desproporcionais, inseguranças ou comportamentos repetitivos. Ela grita através dos sintomas, das dores emocionais, das escolhas que sabotam nosso próprio bem-estar.

A criança interior representa não apenas a fase da infância, mas também a memória emocional das nossas experiências mais arcaicas, muitas vezes não integradas. Essa criança guarda os afetos, feridas e lealdades invisíveis que seguimos carregando na vida adulta. 

 

Trazer consciência destes afetos é um gesto de reconciliação com a nossa história, com os pais como eles foram, com o contexto em que crescemos e com a dor que não pôde ser expressa. É reconhecer que tudo o que foi — mesmo o que doeu — pertence.

Tudo o que é, pertence. Isso significa que não podemos excluir partes da nossa história sem, de algum modo, nos excluirmos junto com elas. A reconciliação com o passado passa, inevitavelmente, por essa jornada de incluir — a dor, os pais como eles foram, as ausências, os silêncios.

Ao olhar para essa criança com amor e respeito, oferecemos a ela o que talvez tenha faltado: acolhimento, segurança, permissão para sentir e ser. E, acima de tudo, oferecemos pertencimento.

 

Só ao incluir e acolher esse passado é que podemos olhar com amor adulto para o presente, tal como ele é. O presente só se torna pleno quando não está a serviço inconsciente do que foi excluído ou rejeitado. Quando a criança interior é vista, ouvida e honrada, ela se transforma em força vital e criatividade — ao invés de carência e sabotagem.

É um sim para a vida como ela chegou até nós. E é justamente esse sim que abre caminho para o amor maduro, para relações mais saudáveis e para uma presença mais plena no aqui e agora. Quando a criança interior está em paz, a vida adulta ganha mais leveza, autenticidade e força.

 
 
 

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