Os 3 maiores vícios segundo Gurdjieff e o caminho do despertar da Consciência
- rosangelaferreirap3
- 10 de nov.
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Por Rosânggela Fêrreira
George Ivanovich Gurdjieff, mestre espiritual do século XX, afirmava que o ser humano vive em estado de sono psíquico, acreditando estar desperto, mas sendo movido por automatismos, reações e hábitos inconscientes.
Para ele, o verdadeiro trabalho interior começa quando o indivíduo reconhece que vive “adormecido” e decide empreender um esforço consciente para acordar. Nesse caminho, há vícios sutis, não morais, mas existenciais, que aprisionam a consciência e impedem o florescimento do Ser essencial.
Entre eles, três se destacam como grandes obstáculos:
1. Identificação — o vício de se perder em tudo
“O homem está sempre identificado com o que faz, com o que sente, com o que pensa.” Gurdjieff
Identificar-se é confundir-se com aquilo que acontece: a emoção, o papel social, o problema, o sucesso ou a dor. Quando estamos identificados, não há um “eu que observa”; reagimos como máquinas, sem escolha. Vivemos no piloto automático, acreditando que somos nossas reações.
O antídoto é o lembrar-se de si. Prática central do Ensinamento de Gurdjieff, que consiste em manter uma pequena parte da atenção voltada para dentro, mesmo enquanto agimos no mundo. É a presença que observa, e não se perde.
2. Autoimportância: o vício do ego que se alimenta de si mesmo
“O principal vício do homem é a importância pessoal.” Gurdjieff
A autoimportância é a necessidade de ser reconhecido, admirado, validado. É a ilusão de que o mundo gira em torno da nossa história. Quando o ego ocupa o centro, perdemos a capacidade de aprender, de escutar e de nos transformar. A vaidade espiritual, tão comum em quem busca o autoconhecimento é uma das faces mais sutis desse vício.
O caminho de superação passa pela sinceridade radical consigo mesmo, o que Gurdjieff chamava de “sofrimento voluntário”: olhar para as próprias mentiras, reconhecer fragilidades e suportar o desconforto de ver-se sem máscaras. É nesse terreno que a verdadeira humildade floresce.
3. Preguiça Interior : o vício da inércia da alma
“Nada é mais difícil do que fazer o homem despertar do seu sono hipnótico.” — Gurdjieff
A preguiça interior é a resistência a mudar, o desejo de permanecer na zona de conforto emocional e psíquica. Ela se manifesta como fuga, dispersão, procrastinação ou negação: formas de evitar o esforço consciente que o crescimento exige. Não é apenas preguiça física, mas preguiça da alma, que impede o movimento em direção ao despertar.
O antídoto é o trabalho constante e deliberado sobre si, sustentado pela atenção e pela disciplina do coração. Despertar exige coragem, persistência e a disposição de caminhar mesmo sem garantias.
O despertar como escolha diária
Superar esses três vícios não é um ato de força, mas um processo de consciência.
Cada vez que observamos uma identificação, reconhecemos a vaidade do ego ou vencemos a inércia da alma, damos um pequeno passo em direção à liberdade interior. Despertar, em Gurdjieff, é lembrar-se de si em meio à vida, não fugir do mundo, mas estar nele com presença, discernimento e alma desperta.
Porque o verdadeiro trabalho não está em mudar o mundo, mas em tornar-se presente dentro dele.

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